Educação
Chegou a hora da primeira etapa do Enem
Diante de polêmicas envolvendo o Exame, professores tranquilizam candidatos e dão dicas para que eles tenham bons resultados nas provas
No próximo domingo acontece a primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os candidatos que almejam uma vaga na universidade terão cinco horas e meia para fazer a redação e responder a questões de Ciências Humanas e Suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias. Diante das polêmicas envolvendo o Exame nos últimos dias, estudantes dizem se sentir inseguros, mas professores afirmam que o conteúdo das provas não será alterado.
No primeiro dia de avaliação, os candidatos terão um pouco mais de tempo para resolver as questões. Os portões abrem ao meio-dia e fecham às 13h. Até as 13h30min serão realizados os procedimentos de segurança na sala. A prova - tanto na versão impressa, como digital - terá início logo em seguida e se estende até as 19h. Já na segunda etapa do Exame, que será realizada no domingo seguinte, dia 28, serão aplicadas as provas de Matemática, Códigos e Sua Tecnologias e Ciências da Natureza e Suas Tecnologias. O tempo de duração, no entanto, é menor: das 13h30min às 18h30min.
“Calma” é a palavra chave
Entre os professores, a dica é a mesma: calma para realizar a prova. A professora Renata Bassani lembra que as questões são formadas por um texto-base, uma pergunta e cinco alternativas e sugere que os candidatos leiam primeiro a pergunta e depois o texto, pois a partir daí farão a leitura direcionada ao que precisam saber. Caso percebam que estão perdendo muito tempo em uma pergunta devido a dificuldades, Renata indica que pulem a questão, façam as outras e deixem essa por último. Se mesmo assim o nervosismo predominar, a professora recomenda um exercício de respiração, para que o candidato retome seu estado de tranquilidade.
Outro ponto abordado pela professora é em relação ao horário da prova, já que se o candidato se atrasar pode ter interferência na concentração. “Se não conhece o local de prova, vai um dia antes para aprender o caminho, porque se chegar atrasado já entra com adrenalina de quase ter perdido a prova”, comenta. Ela ainda recomenda que os candidatos não estudem indo para o local, que descansem e durmam bem.
Para professor Carlos Santo, o Enem não avalia somente o estudo do último ano, mas sim o conhecimento sobre o que vem ocorrendo nos últimos tempos. Por isso muitas questões não possuem um conteúdo específico e se tratam de perguntas interpretativas. “Eles precisam estar calmos para fazer a interpretação correta. Não é um estudo de última hora que vai dar a condição de passar no Enem, muito pelo contrário. Isso pode trazer dificuldades por causa da angústia. É importante que se tenha tranquilidade”, comenta.
Sobre a tão temida redação, a professora Laura Karam aponta que este ano temas como debates mais trágicos ou “radicais”, como o desmatamento e a violência, devem ser evitados e aposta em algo mais leve e não tão polêmico. Ela ainda recomenda ao candidato sempre colocar o CPF e assinar a folha de redação antes de qualquer coisa. “Ao escrever, o participante deve se certificar que se trata de um texto argumentativo. Por isso, no desenvolvimento deverá constar a sua opinião sobre o tema. Uma boa estruturação garante um melhor desenvolvimento do assunto, por isso lembre-se: a redação exigida no Enem deve conter introdução, dois parágrafos referentes ao desenvolvimento e uma conclusão”, indica.
A professora ainda chama a atenção que o texto não deve ser escrito em primeira pessoa ou ter estrutura de carta. “Aos que têm dificuldade na hora de desenvolver sua opinião, aconselhamos a organização de um mapa mental. Questione-se: eu concordo com essa problemática? Por quê? A quem me remete esse tema? O que quero concluir? O que é importante introduzir ao leitor do meu texto?”
Polêmicas no Enem 2021
Recentemente, a partir do pedido de desligamento de mais de 30 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) - órgão responsável pela avaliação - e da declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que as questões “começaram a ter a cara do governo”, criou-se um clima de preocupação entre os estudantes. No entanto, professores afirmam que não deve haver mudança no conteúdo.
Santo diz que nos últimos anos o formato da prova já vem sofrendo alterações, mas o máximo que o governo pode fazer é mudar uma questão por outra. Ele explica que professores de todo país, incluindo Pelotas, são chamados para criar, corrigir ou analisar questões, o que acaba formando um banco e que, por isso, não é possível alterar conteúdos. “Não tem como inventar uma questão para o Enem de última hora, não é assim que funciona. O que ele [Bolsonaro] disse, ‘com a cara do governo’, não tem validade para nada”, comenta.
Para a professora Renata, o Enem também tem sofrido algumas mudanças no conteúdo nos últimos anos, mas ela garante que os alunos não precisam se preocupar. “Não vejo muito o que poderia mudar”, diz.
Candidatos estão apreensivos
A estudante Kerolayne Farias, 20, irá realizar o Enem pela segunda vez - a primeira foi como treineira. A jovem conta que sua maior expectativa é para o tema da redação e lamenta não ter conseguido se preparar muito. “Minha maior dificuldade foi encontrar uma forma de fazer com que meu estudo fosse eficiente e não coincidisse com as aulas EAD. Estudei somente redação, com apoio de vídeos do YouTube e lives de professores transmitidas pelo Instagram”, comenta. Ela ainda diz que diante das polêmicas acredita que a prova possa, sim, sofrer alterações. “O presidente não se importa com a real situação da educação no Brasil. Não me sinto preparada, pois como foi falado em uma entrevista, o tema da redação será ‘amplo’. Para mim, qualquer coisa fora do alcance dos estudantes pode vir.”
Já Vitória Barros, 20, conta que tem buscado se preparar através de livros e cursos gratuitos. “Tenho bastante cuidado com o mapa mental, que para mim é muito fácil fazer. Estou estudando, mas minha expectativa está média”, comenta. Ela também revela preocupação com o Exame. “Tomara que a prova não seja muito diferente dos outros anos, porque estamos em um momento bem difícil, ainda mais pra mim, já formada [no Ensino Médio] há dois anos.”
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